NOSSO
PAI
Lendo certo dia, uma
crônica, escrita por um médico oncologista, observei muita semelhança nos fatos
relatados e o que nós vivenciávamos com o nosso pai. O diálogo do médico com
sua pacientezinha de 11 anos com câncer, me fez refletir nossa caminhada.
... Um dia ao chegar ao
hospital, o médico encontrou sua pacientezinha sozinha no quarto e perguntou
pela sua mãe. Então ela respondeu que sua mãe saía do quarto para chorar
escondida nos corredores e que achava que a sua mãezinha iria sentir muita
saudade quando ela morresse. O Dr. Rogério Brandão, chocado com o pensamento
deste anjinho, com a maturidade que o sofrimento acelerou, com a visão e grande
espiritualidade desta criança, sem ação, perguntou com lágrimas nos olhos e
contendo um soluço: - O que a saudade significa para você, minha querida? - Não
sabe não tio? Saudade é o amor que fica! ...
A doença maltrata, mas o
sofrimento prepara a alma e fortifica o ser.
O papai não fraquejou.
Chorou sim, algumas vezes, mas não tinha fraqueza em seu choro. Víamos o medo,
no gesto de estender as mãos para serem apertadas e acariciadas por nós. Isto é
humano! Mas havia confiança e determinação. Ele como a criança da crônica,
entregava o bracinho aos técnicos de enfermagem e corajosamente permitia as
várias punções, como quem sabia, era preciso para ficar bom, já que ele tinha a
certeza de que tinha muita saúde, ele dizia, mesmo estando com câncer, “Eu
tenho muita saúde”.
Nosso pai nos deixou um
grande legado de orientações, lições de como viver a vida. Era um homem além do
seu tempo, sem preconceitos, inteligente, um engenheiro-pesquisador nato. Seu
hobby, comprar e consertar, refazer carro antigo (Fiat 147). Mas o mais importante que ele nos ensinou, aos
cinco filhos, foi como deixar a vida terrena, com dignidade, paciência e
coragem.
Nosso pai não era preso aos
bens materiais, era simples, apesar de quando necessário, amava se vestir bem, preferência,
linho branco. Mas tinha dificuldade de expressar seus sentimentos, era um homem
tímido. Na grandeza de ser avô, conseguiu mostrar a cada domingo de reunião
familiar, todo o amor existente em seu coração por sua família. Meu pai foi um
grande filho, um pai perfeito e um avô inesquecível.
Nosso pai agora é SAUDADE.
OBRIGADA PAI, PELA VIDA
BONITA, PELAS LIÇÕES QUE ENSINASTES, PELO APOIO QUE ME DESTES.
O NOSSO AMOR É ETERNO.
Marcia Gomes